A descoberta de uma traição durante a gravidez pode ter consequências profundas não apenas para a mãe, mas também para o bebê que ainda está por nascer. A recente revelação da cantora Iza, que descobriu a infidelidade de seu marido aos seis meses de gestação, levanta importantes questões sobre os impactos de um evento traumático como esse no desenvolvimento do bebê.
“Todas as emoções sentidas pela mãe são transmitidas para o bebê por meio de sinais químicos e hormonais, já que durante a gestação o feto está intimamente ligado às emoções da genitora. Situações de alto estresse e sofrimento, como a descoberta de uma traição, podem afetar o neurodesenvolvimento do feto”, explica Telma Abrahão, renomada especialista em educação neuroconsciente, traumas e infância, e autora de 15 livros.
A especialista aponta que a exposição a altos níveis de estresse e emoções negativas durante a gestação pode predispor o bebê a uma série de desafios emocionais e comportamentais na vida adulta. “Bebês que foram expostos a traumas emocionais no útero podem desenvolver uma maior vulnerabilidade a transtornos de ansiedade, depressão e problemas de relacionamento. Além disso, eles podem apresentar comportamentos de insegurança, baixa autoestima e dificuldades em estabelecer vínculos afetivos saudáveis”, alerta.
Durante a fase da gravidez, as emoções da mãe desempenham um papel fundamental no desenvolvimento do bebê. “A mãe pode experimentar um sofrimento emocional extremo causado por uma traição, como tristeza profunda, raiva, medo e sensação de abandono e quando isso acontece seu eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal) é ativado, aumentando a produção de cortisol, o principal hormônio do estresse. Esse aumento prolongado pode desregular o sistema, suprimindo o sistema imunológico, alterando o metabolismo, podendo causar diabetes gestacional e contribuindo para problemas de saúde mental como ansiedade e depressão. Para o feto, níveis elevados de cortisol podem atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento cerebral, restringir o crescimento e aumentar a susceptibilidade a distúrbios de estresse e metabólicos na vida adulta”, destaca a especialista.
Telma Abrahão sugere que, embora os impactos sejam significativos, existem maneiras de mitigar esses efeitos. “É fundamental que a mãe receba apoio emocional adequado durante e após a gestação. Terapias de suporte, como a psicoterapia, podem ajudar a mãe a processar suas emoções e reduzir os níveis de estresse. Além disso, práticas de autocuidado e técnicas de relaxamento, como a meditação e a respiração consciente, podem ser benéficas tanto para a mãe quanto para o bebê”, recomenda.
A especialista enfatiza a importância de um ambiente de apoio para a mãe durante esse período crítico. “A presença de uma rede de suporte, incluindo familiares, amigos e profissionais de saúde mental, é fundamental para ajudar a mãe a lidar com a situação e criar um ambiente mais positivo para o desenvolvimento do bebê”, conclui Telma Abrahão.
Sobre Telma Abrahão – @telma.abrahao
Mãe de 2, biomédica, especialista em Neurociências e desenvolvimento infantil e uma das pioneiras no Brasil a unir ciência à educação dos filhos. Idealizadora da Educação Neuroconsciente, que ‘nasceu’ da necessidade de levar o conhecimento sobre a neurociência por trás do comportamento infantil para mães, pais e profissionais da saúde e da educação. Telma Abrahão é autora dos best-sellers “Pais que evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência” e lança seu terceiro livro “Revolucione a relação com seus filhos em 21 dias”. Seus livros são vendidos em mais de 15 países e ajudam milhares de pessoas ao redor do mundo a se reeducarem para melhor educar. Ela também escreveu 12 obras exclusivas para o Leituras Rápidas da Amazon visando abordar temas que ajudam os pais a lidarem com os desafios na educação dos filhos.